O Teorema Espectral é um importante resultado na Álgebra Linear, diz respeito à existência de uma base ortonormal formada por autovetores de um operador auto-adjunto para o espaço vetorial o qual ele atua. Dividiremos-o em dois casos que, na prática, são correspondentes: Operadores auto-adjuntos e matrizes simétricas. Naturalmente, o segundo caso é um corolário do primeiro.
Por outro lado, dado que T é auto-adjunto, ⟨Tu,w⟩=⟨u,Tw⟩. Ou seja, ⟨Tw,u⟩=0, para todo w∈U⊥ e u∈U. Isso implica que Tw∈U⊥ e portanto U⊥ é T-invariante.
Demonstração
Seja β uma base ortonormal de V e dimV=n>0. Como T é auto-adjunto, então [T]β=A é uma matriz simétrica. O polinômio característico de T é dado por pA(x)=det(xI−A). Logo, λ é autovalor de T se, e somente se, pA(λ)=0. Considere que λ é uma raiz de pA(x) (cuja existência é garantida pelo Teorema Fundamental da Álgebra, podendo ser uma raiz real ou complexa), vamos mostrar então que λ∈R.
Dado que det(λI−A)=0, então o sistema linear AX=λX possui infinitas soluções não nulas para X. Consideremos que
Assim, dado que os somatórios nas igualdades (8) são reais, podemos concluir que λ∈R.
Agora, podemos provar o Teorema Espectral.
Verifica-se sem muita dificuldade que, em espaços vetoriais reais, a recíproca do Teorema Espectral é verdadeira: Se existe uma base ortonormal formada por autovetores de T, então T é auto-adjunto.
Seja T∈L(V) tal que A=[T]c, onde c é a base canônica. Como A é simétrica e a base canônica é ortonormal, então T é auto-adjunta. Logo, do Teorema Espectral sabemos que existe uma base β={v1,…,vn} de V formada por autovetores de T. Seja T(vi)=λivi (i=1,2,…,n), então
Além disso, D=P−1AP, onde P é a matriz mudança de base de β para c. Dado que β é ortonormal, então P é ortogonal. Ou seja, P−1=PT.
O fato de podermos garantir que matrizes simétricas podem ser diagonalizadas e sabermos como encontrar a matriz diagonal tem grande aplicação prática e computacional. Vejamos como exemplo o cálculo de potências de matrizes (An).
Seja A=(122−2), encontremos An (n∈N). Primeiramente, note que AT=A. A ideia então é diagonalizar A utilizando o teorema espectral, de maneira que podemos determinar An em um formato mais simples. Começamos calculando os autovalores de A, de modo a determinar os autovetores associados e posteriormente uma base ortonormal formada por eles:
Encontrando v2=(2,1). Logo, a base {(1,−2),(2,1)} de R2 é formada por autovetores de A. Note que, como são associados a autovalores distintos, v1 e v2 são ortogonais, restando apenas normalizá-los para que obtenhamos uma base ortonormal de autovetores. Portanto,