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Tópicos Avançados

Teorema Espectral

O Teorema Espectral é um importante resultado na Álgebra Linear, diz respeito à existência de uma base ortonormal formada por autovetores de um operador auto-adjunto para o espaço vetorial o qual ele atua. Dividiremos-o em dois casos que, na prática, são correspondentes: Operadores auto-adjuntos e matrizes simétricas. Naturalmente, o segundo caso é um corolário do primeiro.

Teorema Espectral (Operadores auto-adjuntos)

A sua prova requer dois resultados prévios.

Agora, podemos provar o Teorema Espectral.

Verifica-se sem muita dificuldade que, em espaços vetoriais reais, a recíproca do Teorema Espectral é verdadeira: Se existe uma base ortonormal formada por autovetores de TT, então TT é auto-adjunto.

Teorema Espectral para matrizes simétricas

O fato de podermos garantir que matrizes simétricas podem ser diagonalizadas e sabermos como encontrar a matriz diagonal tem grande aplicação prática e computacional. Vejamos como exemplo o cálculo de potências de matrizes (AnA^n).

Seja A=(1222)A=\begin{pmatrix}1 & 2 \\ 2 & -2\end{pmatrix}, encontremos AnA^{n} (nNn\in \mathbb{N}). Primeiramente, note que AT=AA^{T}=A. A ideia então é diagonalizar AA utilizando o teorema espectral, de maneira que podemos determinar AnA^{n} em um formato mais simples. Começamos calculando os autovalores de AA, de modo a determinar os autovetores associados e posteriormente uma base ortonormal formada por eles:

det(1λ222λ)=0    (1λ)(2λ)4=0\det \begin{pmatrix} 1-\lambda & 2 \\ 2 & -2-\lambda \end{pmatrix}=0 \implies (1-\lambda)(-2-\lambda)-4=0

Encontrando λ1=3\lambda_{1}=-3 e λ2=2\lambda_{2}=2. Para λ1\lambda_{1} temos:

(1222)(xy)=3(xy)\begin{pmatrix} 1 & 2 \\ 2 & -2 \end{pmatrix}\begin{pmatrix} x \\ y \end{pmatrix}=-3 \begin{pmatrix} x \\ y \end{pmatrix}

Resolvendo o sistema linear associado encontramos o autovetor v1=(1,2){} v_{1}=(1,-2) {}. Analogamente para λ2\lambda_{2}:

(1222)(xy)=2(xy)\begin{pmatrix} 1 & 2 \\ 2 & -2 \end{pmatrix} \begin{pmatrix} x \\ y \end{pmatrix}=2\begin{pmatrix} x \\ y \end{pmatrix}

Encontrando v2=(2,1){} v_{2}=(2,1) {}. Logo, a base {(1,2),(2,1)}\{ (1,-2),(2,1) \} de R2\mathbb{R}^{2} é formada por autovetores de AA. Note que, como são associados a autovalores distintos, v1v_{1} e v2v_{2} são ortogonais, restando apenas normalizá-los para que obtenhamos uma base ortonormal de autovetores. Portanto,

β={(15,25),(25,15)}\beta =\left\{ \left( \frac{1}{\sqrt{ 5 }},\frac{-2}{\sqrt{ 5 }} \right),\left( \frac{2}{\sqrt{ 5 }},\frac{1}{\sqrt{ 5 }} \right) \right\}

é uma base ortonormal formada por autovetores de AA.

Consequentemente, a matriz

[I]cβ=P=(15252515)[I]^{\beta}_{c}=P=\begin{pmatrix} \frac{1}{\sqrt{ 5 }} & \frac{2}{\sqrt{ 5 }} \\ \frac{-2}{\sqrt{ 5 }} & \frac{1}{\sqrt{ 5 }} \end{pmatrix}

é ortogonal, logo P1=PTP^{-1}=P^{T}. Daí seque que A=PDPT{} A=PDP^{T} {}. Finalmente, observe que

A2=(PDPT)(PDPT)=PD2PTA3=A2A=(PD2PT)(PDPT)=PD3PTAn=PDnPT\begin{align*} A^{2}&=(PDP^{T})(PDP^{T})=PD^{2}P^{T} \\ A^{3}&=A^{2}A=(PD^{2}P^{T})(PDP^{T})=PD^{3}P^{T} \\ &\,\,\,\vdots \\ A^{n}&=PD^{n}P^{T} \end{align*}

Concluindo:

An=(15252515)((3)n002n)(15252515).A^{n}=\begin{pmatrix} \frac{1}{\sqrt{ 5 }} & \frac{2}{\sqrt{ 5 }} \\ \frac{-2}{\sqrt{ 5 }} & \frac{1}{\sqrt{ 5 }} \end{pmatrix}\begin{pmatrix} (-3)^{n} & 0 \\ 0 & 2^{n} \end{pmatrix}\begin{pmatrix} \frac{1}{\sqrt{ 5 }} & \frac{-2}{\sqrt{ 5 }} \\ \frac{2}{\sqrt{ 5 }} & \frac{1}{\sqrt{ 5 }} \end{pmatrix}.