O conceito de Espaço Vetorial é o alicerce onde se constrói a Álgebra Linear. Começamos com sua definição.
Essas 6 propriedades são chamadas de axiomas do Espaço Vetorial (são comuns variações equivalentes desses axiomas).
Em particular, esta é a definição de um Espaço Vetorial Real, uma vez que a multiplicação por escalar está definida sobre o conjunto R dos números reais. A teoria da Álgebra Linear abrange também o conjunto dos números complexos (na verdade, qualquer estrutura algébrica que constitua um corpo), no entanto, lidaremos aqui apenas com os espaços vetoriais definidos sobre R, mas tenha em mente que grande parte dos resultados podem ser estendidos para os números complexos, com as devidas adaptações.
Observe como os axiomas dependem das operações de adição e multiplicação por escalar. Nos principais espaços vetoriais que iremos lidar, essas operações são definidas de maneiras distintas, no entanto, serão bastante similares na prática. É importante destacar que, a priori, essas são as únicas operações definidas para vetores. Logo, se u e v são ambos vetores, a multiplicação uv não está definida. As operações e propriedades usuais dos números reais mantêm-se normalmente para os escalares (note que os axiomas 2 e 6 utilizam o produto e adição de números reais, respectivamente).
Vejamos o principal exemplo de espaço vetorial.
O terceiro axioma em Definition 1 diz respeito ao elemento neutro da adição em um espaço vetorial. Tal elemento é denominado vetor nulo e denotado por 0 (apesar de poder causar confusão com o escalar real 0, em geral o contexto deixa claro qual elemento se trata. Por exemplo, se v é um vetor, entao em v+0 temos o vetor nulo, enquanto que 0v temos o escalar nulo). O resultado a seguir constata a unicidade desse elemento, em quaquer espaço vetorial.
Similarmente, temos a unicidade do inverso aditivo, retratado no axioma 4.
Assim, denotamos o inverso aditivo de um vetor v por −v e escrevemos v+(−v) como v−v.
Observe que, como é natural de se esperar, temos 0v=0, pois 0v=(0+0)v=0v+0v, de onde obtemos 0=0v ao adicionarmos −0v em ambos os lados. A partir disso, também temos −v=(−1)v, pois 0=0v=(1−1)v=v+(−1)v e aplicamos a unicidade do inverso aditivo.
Agora, voltamos nossa atenção para subconjuntos de espaços vetoriais que também constituem espaços vetoriais.
O fato de U ser um subconjunto de um espaço vetorial V faz com que ele já herde grande parte dos axiomas que definem um espaço vetorial (a saber: associatividade, comutatividade, distributividade e identidade multiplicativa). Assim, para manter a conformidade com a Definition 1 é suficiente verificar apenas estas 3 condições. A terceira condição, em particular, não só nos garante que a operação de mult. por escalar é fechada no conjunto U, mas também nos dá o axioma do inverso aditivo, pois já verificamos que −v=(−1)v, logo, se U é fechado na multiplicação temos −v∈U para todo v∈U.
Note que a condição 1 impede que um conjunto vazio seja um subespaço. O menor subespaço possível será aquele contendo somente o vetor nulo: {0}. E, com exceção desse, todo os outros subespaços terão infinitos elementos (consequência do subespaço ser fechado na adição e multiplicação).
Para o Rn, é comum que subespaços sejam interpretados geometricamente. No caso do R3, por exemplo, todo os seus subespaços próprios (que não sejam ele mesmo) e não nulos formam retas ou planos.
Observe que a soma entre os subespaços resultou no próprio espaço o qual eles pertencem, que em particular é também um subespaço. O próximo resultado nos mostra que somas de subespaços sempre resultam em subespaços (mas não necessariamente no espaço vetorial inteiro, as condições para que isso ocorra serão discutidas futuramente).
Agora, definimos um tipo diferente de soma entre subespaços, que funciona como um caso especial da soma anterior.
O “modo único” significa que cada vetor ui é fixo, uma vez fixado w. Logo, não existe um vetor uk′=uk de modo que w=u1′+⋯+uk′+⋯+un′ (com ui′ podendo ser igual ou não a ui, para i=k).
No caso do exemplo Example 5, observe que além de R=S1+S2 temos R=S1⊕S2, pois cada subespaço influencia em apenas uma das duas coordenadas.
A grande diferença entre os dois tipos de soma fica evidente fazendo-se uma analogia à união de conjuntos. Sejam C1,C2 e C3 conjuntos não vazios, se tivermos C2⊆C3, então a união C1∪C2∪C3 é igual a C1∪C3. O mesmo pode ocorrer com a soma de subespaços. Por exemplo, se um dos subespaços contiver outro, a parcela da soma do que está contido não “contribui” para o subespaço resultante, e isto faria com que a condição de escrita única falhasse, pois para qualquer vetor resultante da soma poderíamos somar a parcela do subespaço contido na do que o contém e substituir sua parcela pelo vetor nulo, originando duas escritas diferentes de um mesmo vetor, então a soma entre aqueles subespaços não seria uma soma direta. Agora, quando os conjuntos C1,C2 e C3 são disjuntos, então temos a garantia de que a união entre eles não pode ser reduzida, este seria o análogo a uma soma direta entre subespaços, que é como o “menor” subespaço que os contém.
O próximo resultado nos dá uma maneira mais prática de verificar se um subespaço é resultante da soma direta de outros.
Agora, vejamos como a “disjunção” entre dois subespaços (que é na verdade U∩W={0}, pois todo subespaço contém o vetor nulo) garante que sua soma é direta.
Veja que, diferentemente da Proposition 6, a Proposition 7 diz respeito apenas a dois subespaços e não a uma quantidade finita arbitrária. O exemplo a seguir mostra que a propriedade de disjunção não garante soma direta para mais de dois subespaços.